A escola da vida

Pontuo a vida
Com vírgulas e exclamações
Interpreto a vida
Com pontos e interrogações

Somo Amor, subtraio desilusões
Multiplico tempo, divido atenções
Integro amizade, enraizo momentos
Exponencio memórias, fracciono tormentos

Pinto-a de cores simples
Recorto-lhe as mágoas
Teço laços, amizades, sentimentos
Moldo a turbulência das suas águas

A sua Geografia, a sua História
A Filosofia dos seus caminhos
Agarro-a com as duas mãos
E luto...

Sentidos

Caminhos redondos
Mundos cruzados
Metas perdidas
Sonhos achados

Escuto o azul
Vejo o silêncio
Nas tuas ondas
Perco-me no tempo

Águas recortadas
Montanhas passadas
Encruzilhadas esquecidas
Memórias entrelaçadas

Cheiro o verde
Sinto o murmúrio
Nas tuas folhas
Perco-me no tempo

Dura vida

Desde menino respirava
o ar fresco da montanha
Desde menino a voz do pai escutava
"Trabalha, filho, trabalha"

Já moço relembrava
os seus passos firmes
Já moço o seu conselho ecoava
"Trabalha, filho, trabalha"

Homem feito enfrentava
As mãos retalhadas de dor
Contra a dureza da terra lutava
"Trabalha, filho, trabalha"

Velho, chorava
O desgosto da terra abandonada
Aos mais novos implorava
"Trabalha, filho, trabalha"